Os textos desta página são cartas que M. escreve para um amigo que (acho) mora na Europa. Todos os dia de manhã, ela deposita um envelope embaixo da minha porta. Depois de encher as latas do condomínio de bolos de papel, desisti, e resolvi publicar algumas por aqui. Assim, quem sabe, podem algum dia atingir o seu destinatário... Renata Magdaleno

sábado, setembro 04, 2004

Querido F.

Cheguei no Rio num dia de chuva. Chuvisco seria mais preciso dizer. Mas vi aquilo com os olhos de um otimista: a cidade está me recepcionando! Vou lavar a alma!
Acho que esta vontade louca de voltar para casa tinha uma intuição forte por trás. Isso porque tive uma surpresa maravilhosa assim que cheguei na portaria do meu prédio. Nem precisei subir as escadas. Seu Zé, o porteiro, me recebeu com um sorriso e deu logo a notícia: acharam a sua cachorrinha. Eu não falei para a senhora? Quando a gente bota o endereço e o telefone na coleira, pode dar sorte de encontrar a bichinha de novo!
Nem consegui responder. Fiquei completamnte sem palavras. Saí correndo para a casa do Seu Zé e vi a bichinha sentada numa almofada no chão, como se visse televisão do lado da filha dele. Era a mesma e estava linda. Fiquei com os olhos cheios d'água e ela comemorou abanando seu rabo compriiiido. Levei a minha cachorrinha pra casa feliz da vida, mas fiquei com a imagem dela vendo TV na cabeça: será que queria voltar?

Até.
M.
Querido F.,

Só tenho uma coisa a dizer: e o Rio de Janeiro continua lindo...

Até,
M.