Os textos desta página são cartas que M. escreve para um amigo que (acho) mora na Europa. Todos os dia de manhã, ela deposita um envelope embaixo da minha porta. Depois de encher as latas do condomínio de bolos de papel, desisti, e resolvi publicar algumas por aqui. Assim, quem sabe, podem algum dia atingir o seu destinatário... Renata Magdaleno

segunda-feira, novembro 07, 2005

Querido F.,

Caíram gotas grossas de chuva hoje pela manhã. A água escorrendo sem parar pela minha janela. A imagem ficou toda embaçada. Borrões verdes, cinzas, coloridos lá embaixo. Me senti míope.
Mas a verdade é que ando meio míope mesmo. Tenho medo de assumir este defeito de visão e, então, digo com absoluta certeza, convicção nas palavras, que enxergo muito bem, que o olho bom arrasta o ruim pelas costas, corrigindo pequenos deslizes de captação. Mas a verdade é que ando por aí como quem tem lágrimas nos olhos.
E, você nem vai acreditar, mas as tais gotas escorriam às 6h30m da manhã pela vidraça. E eu que antes só me deitava quase neste horário... Agora, costumo acordar cedo, olhar para o céu bem de manhã. O sono ficou leve, leve, de repente, e eu ando achando que esta coisa de dormir é perda de tempo e tenho vontade de sair logo da cama e ganhar a rua. Tenho urgência em tudo.
Saudades!
Até,
M.