Os textos desta página são cartas que M. escreve para um amigo que (acho) mora na Europa. Todos os dia de manhã, ela deposita um envelope embaixo da minha porta. Depois de encher as latas do condomínio de bolos de papel, desisti, e resolvi publicar algumas por aqui. Assim, quem sabe, podem algum dia atingir o seu destinatário... Renata Magdaleno

quinta-feira, janeiro 06, 2005

Querido F.,

Sei que eu dei uma sumida e você deve estar se perguntando o que foi que aconteceu. Confesso que me deu preguiça de ficar descrevendo desta vez tudo o que eu fiz em Nova York, porque lá é sempre aquela correria gostosa, mil lugares pra ir, mil coisas para ver e uma andança que toma conta do dia todo. E, depois, porque o que aconteceu comigo no aeroporto apagou a importância de todo o resto.
Hoje em dia eu sempre fico tensa quando viajo para os Estados Unidos. Por causa desta paranóia que eles têm depois dos atentados. Mandam você tirar o sapato, vasculham cada bolsinho atrás de tesourinhas de unha e mortíferos alicates. Pois eu estava era pensando nisso: se tinha alguma coisa na mala que pudesse ser vista por eles como uma arma. Não curti os momentos de espera, como normalmente. Não comprei revistas. Não fui tomar café e observar as pessoas arrastando as malas pelos corredores.
Conheci o Alberto já dentro do avião. Estava sentado do meu lado, mora no Rio e, o melhor de tudo, em Copacabana também. Ele tem um filho já adulto e foi pra Nova York justamente visitar o menino. Foi uma viagem curta. Pelo menos, foi assim que senti. Ficamos conversando e no final estávamos nos beijando em pleno vôo. Achei que já tinha passado da idade destes encontros amorosos, mas, naquela hora, esqueci de todos estes meus preconceitos. Acho que estamos namorando... Estou feliz.
Feliz 2005, querido! Como foram as comemorações por aí!
beijos, com carinho,
M.