Os textos desta página são cartas que M. escreve para um amigo que (acho) mora na Europa. Todos os dia de manhã, ela deposita um envelope embaixo da minha porta. Depois de encher as latas do condomínio de bolos de papel, desisti, e resolvi publicar algumas por aqui. Assim, quem sabe, podem algum dia atingir o seu destinatário... Renata Magdaleno

sábado, outubro 23, 2004

Querido F.,

Não fomos para Ilha Grande. O Juarez sugeriu que a gente fosse para Paraty e, na quinta de noite, rumamos para cá. Para falar a verdade, não gostei muito da mudança, mas isso nada tem a ver com a cidade. Adoro o charme de Paraty e ainda guardo na memória os bons momentos que passei por lá na última Flip.
Confesso que o que me irritou foi este intrometimento do Juarez. Um convidado de última hora para lá de espaçoso. Se intrometeu no nosso programa e foi mudando tudo sem a menor cerimônia. Veio com a história de que está trabalhando em sua aposentaria e vem pesquisando um lugarzinho calmo e simpático para abrir um botequim e passar os fins dos dias arrastando os chinelos. Sinceramente, não consigo imaginar um futuro mais apropriado. Tá certo. Tá certo. Vou parar de implicâncias.
A verdade é que estamos nos divertindo muito. Na quinta, ainda tivemos tempo de jantar num restaurante Tailandês de Paraty. Lucy não tem do que reclamar. A cidade parece na medida para ela. Os paulistas e os estrangeiros invadiram tudo por aqui, montando estabelecimentos simpáticos, com um toque de sofisticação e boa comida. O tailandês, por exemplo, é moderníssimo, com decoração ultra colorida, flores caindo do teto e mesas pintadas com motivos tropicais. Poderia estar funcionando numa esquina de Ipanema, numa rua da Vila Madalena, mas tem a vantagem de estar instalado em Paraty. Temos beleza natural, conforto, boa comida, gente bonita (ai, como odeio esta expressão. Mas a Lucy está falando isso o tempo todo e escapou) e muito vinho. Tudo o que a Lucy queria ver reunido.
Em falar em vinho, o Juarez não economizou e, na primeira noite, tomou tantas cervejas que nem sei como conseguiu levantar da cadeira no final. Ontem ficamos rodando pela cidade, aproveitando as horas vagarosas para conversar e bebericar. Hoje alugamos uma lancha e conhecemos praias lindas. Ficamos nadando e nadando e não consigo pensar num dia mais agradável do que esse. Trouxe minha cachorrinha e ela anda muito enturmada com tudo. Parece que sempre viveu por aqui. Agora estamos saindo para aquele tradicional teatro de bonecos. Há uns dez anos esta companhia encena a mesma peça, mas é tão bonito, tão simples, singelo e tocante ao mesm tempo, que sempre assisto de novo.

Até,
M.